Demorei quase duas décadas para empilhar encartes e equilibrar caixinhas em estantes de madeira, de plástico e de madeira. Deixei empoeirá-las até me sentir seguro para viver com alguém.
Arrumei sacolas roxas, de feira ou de pano, grandes e pequenas, escoradas no ombro, nas costas e no chão de trens e metrô. Perdi algum fôlego enquanto o taxista não me ajudava
Pude guardá-los num canto onde pudesse ver e depois ouvir — de preferência quando alguém mais não estivesse ali.
Ela se foi.
Eu invadi o quarto e roubei o conteúdo de um daqueles envelopes.
Trouxe dois amigos para ouvir. Pulei, eram nove da manhã.
A chuva ainda caía, mas não sentia vontade de deitar e deixar o sono vir.
Vi a noite chegar e quem eu esperava não aparecer.
A madrugada surgia, invadia. E o sol do outro dia brilhava enquanto a outra não vem.
A história repetiu. Mais uma, mais duas, mais três.
Arrumei outras sacolas e deixei parte das velhas empoeirar no quarto.
E ela se foi.
E as caixinhas empilhadas agora morrem na vida de outrém.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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