quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O meu abraço


O meu canto fica à esquerda da entrada da sala. De lá vejo a TV sem esticar os pés para desligá-la. Pesquei o celular e preferi andar sob a lua. O sono ainda vai demorar.

O guarda da esquina parece não me ver. Dou mais dois passos enquanto cruzo a rua, torcendo por um guardião de asas brancas e auréolas pintadas. Ele não vem.

Me acostumei com os pequenos barulhos. Alguém, numa moto, apita algo. Tem gente aí? Por enquanto é só o moletom entretido num calça menos folgada. Já não sou mais tão moço.

As meninas da rua não se vestem. Me oferecem coxas, mas hoje eu só quero colo. Dou de ombros e sigo pela estreita rua que sai da avenida. Subo uns degraus. Encosto meu rosto na almofada e sonho com esse abraço. Por enquanto, eu só tenho o meu.

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